Resident Evil: Revelations 2

Analisado por: Victor Emanuel Farias

 
 
 - Plataforma de Teste: Xbox One
 
 - Informações:
 
Plataformas: PC, Xbox One, Xbox 360, PlayStation 3, PlayStation 4
Distribuidora: Capcom
Desenvolvedora:  Capcom
Online: Sim
Jogadores: 1-2 (Campanha e Modo Raide)
Duração: Cerca de 9 horas (Jogo completo)
Data de Lançamento: Episódio 125/02/15
                                   Episódio 2 - 04/03/15
                                   Episódio 3 - 11/03/15
                                   Episódio 4 - 18/03/15
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resident Evil é uma das franquias mais conhecidas de todos os tempos. A série pertencente a Capcom já está presente nos videogames desde 1996, completando 19 anos neste ano. Nesse período de tempo, inúmeros títulos da série foram lançados para vários consoles, apesar de ter se destacado mais na era do PlayStation 1, com os três primeiros games.
 
Porém, nos dias atuais, RE não vem se destacando tanto quando nos seus tempos de ouro. Afinal, muitas alterações no enredo e na jogabilidade foram feitas com o passar dos anos, fazendo os fãs nostálgicos não gostarem nem um pouco dos títulos mais recentes. Resident Evil 6, o jogo mais recente da franquia até então havia decepcionado a maioria dos gamers por ter uma mecânica medíocre e um enredo nada interessante. Claro, o game tem seus pontos positivos, mas não consegue se destacar.  Você pode conferir a nossa análise de Resident Evil 6 no MultiReview clicando aqui. 
 
 
Mesmo muito criticada por seus trabalhos, a Capcom resolve reagir trazendo uma versão HD de Resident Evil 1, o primeiro jogo da série, que já havia ganhado um remake para o GameCube no passado (a versão original é do PlayStation 1). A estratégia deu certo. E incentivando esse gostinho de quero mais, finalmente é lançado Resident Evil: Revelations 2, uma continuação direta do primeiro Revelations, jogo que foi lançado inicialmente para Nintendo 3DS e posteriormente portado para Xbox 360 e PS3. Será que o novo título da saga faz jus ao nome da série e conseguirá reerguer o "gigante adormecido"?
 
 
 
Antes de iniciar a análise, acho que é interessante situarmos esse novo game na linha do tempo da série. Afinal, Resident Evil é muito fragmentado, cheio de spin-offs e histórias paralelas. Para fazer o "esboço" da timeline, peço que desconsideremos os games secundários e filmes (como Degeneration e Damnation).
 
 
Portanto, a ordem no fluxo temporal fica a seguinte: Resident Evil Zero, Resident Evil, Resident Evil 2, Resident Evil 3: Nemesis, Resident Evil Code: Veronica, Resident Evil 4, Resident Evil: Revelations, Resident Evil 5, Resident Evil: Revelations 2 e Resident Evil 6. Então, percebemos que o novo game da série se localiza entre 2009 e 2013, períodos em que ocorrem o RE5 e RE6. 
 
Agora, prosseguirei com a análise.
 
 
 
• Uma história de arrepiar
 
Se você é um jogador que gosta de nostalgias, se prepare para o que vem por aí. Afinal, assim que Revelations 2 começa, já conhecemos uma das protagonistas de cara: Claire Redfield, a irmã mais nova de Chris que participou de inúmeros títulos. Após tudo o que viveu, ela decidiu se juntar à Terra Save, um grupo de combate ao bioterrorismo. Mas por ironia do destino, na festa de inauguração da nova organização, ela e sua amiga Moira Burton (filha de Barry Burton) são raptadas. Ambas acordam em uma espécie de prisão abandonada, onde uma certa pessoa deseja fazer experiências com suas cobaias humanas. E claro que a vida delas não seria fácil: a prisão está infestada de zumbis e mutantes. Pouco original, mas não tem como fugir desse clichê, não é mesmo?
 
 
Logo após encerrar o capítulo da Claire e Moira (cada episódio é dividido em dois capítulos), os jogadores são levados aos outros dois protagonistas da trama: Barry Burton, velho conhecido dos fãs e Natalia, uma garotinha que Barry encontrou no local sendo usada também como cobaia. Juntos, eles procuram por Moira que deixou um sinal de rádio, porém nem tudo se sai como eles imaginam... Bem, melhor deixar isso para vocês descobrirem.
 
 
 • Uma bela ambientação: +1 ponto para a Capcom
 
Um dos fatores mais criticados nos últimos jogos da série (principalmente em Resident Evil 6) havia sido a má qualidade da ambientação. Felizmente, a Capcom caprichou nesse quesito e não podemos deixar de destacara bonita ambientação que o jogo possui. Apesar dos gráficos paracerem meio ultrapassados (voltarei a falar desse ponto posteriormente) mas são bem trabalhados. Os cenários são dos mais variados: desde floresta sombria ou cidade fantasma até fábrica abandonada ou ruínas de uma mina desativada. Sem dúvida alguma, temos um dos jogos da série com ambientes mais diversificados.
 
 
 
 • O melhor cooperativo da série
 
A jogabilidade cooperativa já é frequente nos últimos jogos da série. Por mais que muitos não gostem desse modo por acharem que jogar com um amigo ao lado retira o medo do survivor horror, o teor de entretenimento se multiplica bastante. E no caso de Revelations 2, temos sem dúvidas um excelente trabalho com a mecânica envolvendo dois jogadores. O melhor em toda a série.
 
 
A palavra-chave aqui, assim como a boa ambientação, é a variação. Afinal, cada personagem tem características bem diferentes. Na campanha de Claire, o jogador que a controla pode usar todos os tipos de armas de fogo que encontrar, desde revólveres até escopetas. Já o jogador que controlará sua amiga Moira é mais limitado no combate: poderá usar apenas uma lanterna para atordoar os inimigos, além de poder golpeá-los com um pé-de-cabra, porém nada de armas de fogo. Em compensação, Moira tem uma boa percepção para adquirir munição ou itens de cura escondidos em diversos locais, coisas que Claire não pode enxergar.
 
Já com Barry e Natalia, a história muda um pouco: enquanto o famoso policial pode usar armas de fogo para combater os monstros, Natalia tem a habilidade incrivelmente útil habilidade de detectar inimigos de uma certa distância, até mesmo monstos invisíveis (isso mesmo!), auxiliando muito seu parceiro. Além disso, ela também tem uma percepção melhorada assim como Moira, além de poder se abaixar para passar em certos escombros. E não acaba por aí: em alguns puzzles, se torna necessário a jogabilidade de ambos os personagens para prosseguir na campanha.
 
E é claro, se você preferir jogar sozinho, não se preocupe: é possível trocar de personagem a qualquer momento atráves do botão Y (no Xbox One/360) ou Triângulo (no PS3/PS4).
 
 
• Sobrevivência extrema
 
Outra característica positiva na jogabilidade de Revelations 2 está relacionado aos itens encontrados durante o jogo. A escassez de munição e a dificuldade ao se obter itens de cura (as famosas ervas verdes e vermelhas estão novamente presentes) é realmente grande. Para ter que sobreviver, o jogador se sentirá obrigado a trocar seu personagem em certos momentos para tentar encontrar objetos escondidos em cada ambiente.
 
 
Por esse fator, Resident Evil: Revelations 2 traz de volta o famoso instinto de sobrevivência que os gamers sentiam nos primeiros jogos da série. É importante destacar também que a campanha de Barry e Natalia lembra bastante o game The Last of Us, deixando claro que a Capcom se inspirou em algumas de suas mecânicas. 
 
 
 • Modo Raide: um adicional que diverte tanto quanto a campanha
 
Além da campanha dividida em quatro episódios (Colônia Penal, Contemplação, Julgamento e Metamorfose são o nome deles, em ordem), Revelations 2 também traz o envolvente e desafiador modo Raide (ou Raid Mode em inglês). E por mais que você pense que seja um pequeno "extra", pode acreditar que a intenção da Capcom foi maior do que imaginávamos. Afinal, Raide funciona como uma espécie de MMO em terceira pessoa onde o jogador pode escolher diversos personagens, armas e desafios para ir elevando o seu nível online. Cada personagem tem características, habilidades desbloqueáveis e armas diferentes, além de desafios diários exclusivos.
 
 
Os desafios geralmente são em ambientes fechados e lineares, onde se tem um objetivo de seguir em frente e derrotar os inimigos até chegar ao final do nível. Os cenários e monstros são bem variados, alguns inclusive tirados de jogos anteriores. Também há outros desafios como o de protejer o alvo dos zumbis e mutantes ou de chegar a um determinado local em um tempo limite. E nesse modo, também é possível jogar cooperativamente com dois jogadores, cada um controlando personagens e armas obrigatoriamente diferentes. 
 
E dá-lhe pontos para o fator replay!
 
 
 
 • Gráficos datados
 
Enfim, voltarei a citar a ambientação de Revelations 2. Por mais que a atmosfera do jogo seja bem montada e criativa, passando um certo temor ao jogador, a qualidade gráfica deixa muito a desejar, mostrando gráficos bem datados para a nova geração, o que pode significar que o jogo foi feito numa engine antiga demais para a época.
 
 
Porém, esse fato é compreensível visto que Revelations 2 é um jogo digital e com um preço bem em conta, o que compensa as texturas medianas presentes no game. Mesmo assim, era de se esperar que a nova geração de consoles (Xbox One e PS4) recebessem uma versão com visuais um pouco mais bonitos que a sétima geração, o que não acontece aqui.
 
 
 • Inteligência artificial aterrorizante... no mal sentido
 
Outro fator negativo que infelizmente é visto no game é a sua má inteligência artificial. Por mais que o jogo priorize o cooperativo, era de se esperar que a Capcom trouxesse uma IA melhor trabalhada e que atendesse a todos os seus comandos. Afinal, os jogos anteriores da série também falharam nesse quesido (vide Sheva e Helena em Resident Evil 5 e 6).
 
 
Mas para a tristeza dos fãs, a IA de Revelations 2 é até melhor que seus antecessores, mas mesmo assim não entrega uma qualidade de ponta. Em alguns momentos, o jogador precisará ficar alternando entre os personagens em um intervalo muito curto para compensar a falta de inteligência da CPU que controla o segundo. Se você colocar um personagem para subir uma escada, por exemplo, e chegar até a metade para enfim trocar para o outro personagem, a CPU irá preferir descer a metade da escada do que subir a outra metade e chegar enfim ao objetivo. 
 
 
 
Por mais que apresente alguns pequenos problemas relacionados a qualidade dos gráficos e a inteligência artificial, Resident Evil: Revelations 2 consegue apresentar uma aventura divertida, duradoura, aterrorizante e nostálgica aos fãs de toda a série. Afinal, o jogo traz uma jogabilidade excelente e bem elaborada, um enredo fantástico dividido em episódios onde cada um deles se encerra com um bom gancho semelhante aos seriados de tevelisão, uma atmosfera de um verdadeiro survivor horror e um dos melhores cooperativos já criados no mundo dos games.
 
 
Portanto, o novo game da Capcom é recomendado não só para os fãs da série mas para todos que gostam de jogos de tiro em terceira pessoa com um toque de terror. Afinal, o custo-benefício de Revelations 2 é excelente. O jogo completo (com os 4 episódios + 2 episódios extras) está disponível na Xbox Live e PlayStation Network por R$ 49,00. Uma boa alternativa para quem deseja um game AAA com preço diferente dos típicos 199 reais.
 
E boa sorte a todos, mas lembrem-se: Evil is watching...